ao Lincoln e Gnome (Re: desenvolverei interface sem patente?)



Caro Lincoln,
deduzo que se está relendo a discussão de quase 2 meses atrás é porque queira fazer alguma observação.

Agradeço muito, mas aconteceram coisas desde anteontem, que resumirei assim:
- deixei a descrição técnica da minha invenção no meu blog (http://novainterface.wordpress.com/)
- virei pessoa non-grata na lista do KDE-br

Lincoln, estou escrevendo com cópia à lista do GNOME, mas não sei se chegará pois fui colocado em observação pela moderação.  Na lista do KDE os moderadores não deixam mais passar mensagens e não sei se é a mesma situação. Se não chegar peço para que reenvie ao Gnome.

Abaixo passo a minha reflexão do porquê do rompimento com KDE-br. É uma reflexão que enviei para alguns grupos e explico que respeito as concepções do KDE, que finalmente entendi meu lugar e peço desculpas. Se irritei as pessoas do KDE, pessoas do GNOME também devem ter ficado irritadas, peço desculpas a elas também.

Célio


Não mergulhei de cabeça - lembrei de traumas anteriores. Me lembrei como fui também praticamente expulso de um dos escritórios que mexem com patentes. Efetivamente não recebi um "saia", mas aquele senhor, após fechar a cara (o que aconteceu a partir do momento que viu que eu não tinha dinheiro), passou a não me olhar, só olhava para o computador e dava respostas monosilábicas. Ele queria que eu logo abraçasse o modelo de patentes e o pagasse. Ele não tava entendendo nada dos meus dilemas sobre questionar esse modelo. Não deve ter ouvido (nem entendido) nada do que falei sobre software livre.

Se cometi algum erro nesse lado, do Software Livre, esse erro parece ter sido de não mergulhar de cabeça. Ou mergulho de cabeça no modelo patenteado ou mergulho de cabeça num modelo que nem quer ouvir falar de patentes. Parece que as pessoas se irritaram com as minhas inquietações e dúvidas entre um modelo ou outro.


Superestimei o vontade de inovar (e recebi "o que isso tem a ver com KDE?")
Meses atrás, quando ainda cogitava conhecer melhor o modelo de Software Livre, diziam que se a minha inovação tem a ver com interface, deveria buscar o KDE ou Gnome. "Eles estão atrás de idéias novas". No site do KDE se fala em tentar ser a interface mais inovadora.

Mas falando sinceramente, penso que se KDE fosse em modo texto, iam receber o mouse como "o que isso tem a ver com KDE?". Imaginemos que o kde tenha surgido na época das interfaces texto e a briga entre desktops fosse entre o modelo DOS e terminal Unix, e o KDE fosse um modelo de shell. Nesse cenário, se começassem a surgir notícas sobre mouse, eles iam dizer: "mas o que isso tem a ver com KDE?"

Por favor, não entendam como uma opinião ressentida, estou tentando é entender como trabalham. Se o mundo fosse em modo texto, o KDE tentaria ser o melhor shell, E agora, como é modelo WIMP (Window, Icon, Menu, Pointer) eles tentam ser a melhor interface gráfica, mas não querem ultrapassar modelos e se possível querem que a discussão seja em contribuições usando o SDK deles.

Devia ter pressentido pois quando entrei em listas de software livre, tentei mandar umas mensagens iniciais para me enturmar. No caso do KDE, quando repassei a informação de que haveria uma oficina de robôs com software livre, recebi o primeiro "O que isso tem a ver com KDE?". Não sei se as relações começaram a corroer quando dei uma resposta que pensando bem pode ter soado irônica: "OK, quando os robôs estiverem rodando por um aplicativo do KDE eu aviso". A única vez que me agradeceram lá foi quando dei umas contribuições para a tradução do release do KDE 4.4.


Não tenho direito de ser GPL, só compatível.
"Software Livre tem espaço para todo mundo, mesmo quem não é programador." Talvez eu tenha superestimado essa frase. Efetivamente recebi houve discussões no sentido de questionar se não é muita pretenção da minha parte querer adotar GPL ou BSD sem programar. Até agora sempre disse que quem sabe programar tem uma capacidade que invejo, mas se adotar GPL tem um status que soa para os programadores pretencioso da minha parte adotar, tudo bem, direi que só quero ser compatível com GPL.

Tem coisas de interfaces que não são compatíveis com GPL. A paleta de cores Pantone não pode ser usada por Inkscape ou Gimp pois é registrada. A discussão aí não tem a ver com códigos-fonte mas mesmo assim Pantone não é compatível com GPL. Então eu declaro: não quero ser GPl, apenas compatível com GPL.

Isso é até bom pois agora sim a discussão descola de vez da dúvida patentear ou não. O Dock do Macintosh é patenteado, mas a Apple não processou ninguém que copia. Tem docks para Gnome, XFCE, Enlightment17, etc


Windows não copiou Mac
Falando em Mac, tem outra discussão na qual levei o MAIOR PAU, mas foi bom para aprender sobre visões de desenvolvedores. Para o KDE interface por si só não quer dizer nada e Windows não deve nada a Mac pois não roubou o código para a interface gráfica funcionar. Aprendi também que pela coerência do raciocínio, eles "não se apropriaram de nada do Windows". Foi dito explicitamente que interfaces, na opinião deles, sequer são coisas registráveis/patenteáveis quando não envolvem código. Interface por sí só é só enfeite, design. A glória é do programador. Não vou mais discutir isso, só vou respeitar essa opinião.

Só fico pensando como será quando houverem hardwares livres. No nosso dia-a-dia, tem muitos produtos que ficaram melhores por sofrerem um redesenho, foi acrescentado uma dobradiça, o material mudou, etc. Muitas dessas soluções de design são patenteadas. São soluções que mudaram a interação com o produto, poderia-se dizer que mudou a interface. Quando disseminar o movimento de hardware livre, no raciocínio aplicado pelo KDE, um novo design que melhore ou extenda as funções do equipamento hardware livre fará pouca glória do designer e a glória fica para o montador. Pode ser que seja argumentado que o designer não botou a mão na massa, o montador sim. Não sei, só quando acontecer o momento para saber como será.


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Estou relendo a mensagem e dá impressão que estou me defendendo e não me redimindo. Por favor, é minha maneira de descrever debates, por dentro estou muito chateado e querendo me redimir sim. Quero respeitar o modo do KDE pensar, eles não devem nada pois a contribuição para tradução que dei foi bem pequena, tipo na última revisão antes de lançarem. Peço descupas mesmo por ficar discutindo patentes quando isso irrita as pessoas já decididas por software livre. Desculpem também a pretenção de ser GPL, agora entendo que meu plano é ser compatível com GPL, não quis bancar o programador.

Quero me redimir, aprender as lições e encontrar caminhos para mim, mesmo que não cruzem com os seus.

Abraços,

Célio




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